RESTAURAÇÃO DO PAVIMENTO DA RODOVIA NACIONAL Nº5 E Nº7 COM UTILIZAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM BUENOS AIRES ARGENTINA

Autor: Departamento Técnico – Atividade Bidim

Revisado JANEIRO 2011- Departamento Técnico Mexichem Bidim Ltda.


RESUMO

O presente trabalho se refere à aplicação do geotêxtil Bidim (nãotecido agulhado, 100% poliéster, filamentos contínuos) na restauração do pavimento das Rodovias (ruas) nacionais Nº5 e Nº7, na província de Buenos Aires, República Argentina. A aplicação do geotêxtil Bidim na restauração do pavimento tem como objetivo retardar a aparição das trincas na nova capa de rolamento, assim como formar uma membrana impermeável para o pavimento.

O PROBLEMA

Implementar um sistema que evitasse a aparição de trincas, bem como formar uma membrana impermeável para o pavimento das Rodovias.

A SOLUÇÃO

Foi utilizada a Manta geotêxtil Bidim como elemento Anti-Reflexão de trincas e como elemento da membrana impermeável da obra.

DADOS DA OBRA

  • DATA DE EXECUÇÃO: Executado no final de 1992
  • LOCALIZAÇÃO: Província de Buenos Aires, República Argentina
  • CLIENTE: Consórcio Nuevas Rutas S/A
  • TIPO DE OBRA: Rodovias
  • FUNÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM Anti-Reflexão Trincas
  • QUANTIDADE UTILIZADA: 360.000 m² do geotêxtil Bidim

INFORMAÇÕES GERAIS

A Argentina, com uma rede de rodovias nacionais pavimentadas de cerca de 27.000 km, vinha realizando a manutenção delas através da Direccion Nacional de Vialidade com recursos provenientes de impostos específicos.

A deterioração geral da economia e a urgência de fun para outras áreas do governo provocaram uma paulatina falta de aplicações desses recursos nas obras viárias a que estavam destinadas. A ausência de manutenção produziu em consequência uma progressiva deterioração da Rede Viária Nacional.

Em 1989, ante a impossibilidade do Estado de realizar ao menos mínimas reparações que permitissem manter transitáveis as rodovias, o Governo Federal convocou o setor Privado mediante uma licitação pública para outorgar-lhes a concessão do melhoramento e conservação de mais de 9.000 km de estradas, financiada através de um sistema de pedágio aberto.

Em meado de 1990 se confiou às empresas concessionárias a “melhoria, aplicação, remodelação, conservação, manutenção, exploração e administração”, por um tempo de  anos, da rede viária que concentra os 2/3 do transporte básico da produção nacional argentina.

Concessão Nuevas Rutas S/A

Nuevas Rutas S/A e a concessionária integrada por Chediak, Decavial, Necon e SADE, empresas de reconhecida trajetória no campo das obras viárias, que foi adjudicatária das rodovias Nº5 (trecho Luján/ Buenos Aires – Santa Rosa/La Pampa) e a rodovia Nº7 (trecho Lujan/ Buenos Aires  Laboulaye/Córdoba) que cobrem um amplo setor da planície pampiana, ligando o centro do país com a cidade de Buenos Aires.

A concessão não prevê a construção de novas rodovias e sim sua reabilitação, alcançando condições ótimas de circulação em 3 anos, e a manutenção, até o final do período da concessão das rodovias existentes (Ruta 5 e Ruta 7).

Estrutura do pavimento

Segue abaixo a seção tipo do pavimento de cada uma das rodovias com a indicação das diversas camadas:

CBUQ – Concreto Betuminoso usinado a quente

T.A – Tosca. Asfalto

S.A.C – Solo. Areia. Cimento

SS – Solo selecionado

CP – Concreto de cimento Portland

CBUQ – Concreto Betuminoso usinado a quente

T.A.A – Tosca. Areia. Asfalto

S.C – Solo. Cimento

SS – Solo selecionado

CP – Concreto de cimento portland

Figura 2 Seção tipo do pavimento da Ruta Nacional Nº7.

Como pode-se observar nas seções transversais apresentadas (Figura 1 e Figura 2), no lado direito das duas rodovias existe um “alargamento” do pavimento de concreto de cimento Portland (executado originalmente na década de 30), alargamento esses realizado por ocasião de uma restauração ocorrida no final anos 60.

Observação:

“Tosca” é a denominação regional de um solo coesivo pouco plástico, de fácil compactação, e muito utilizado em aterro e como camadas de pavimento.

Estado do pavimento

O levantamento visual da superfície do pavimento realizado pela Nueva Rutas S/A no início da Concessão detectou trincas de reflexão e da fadiga nas duas rodovias, produzidas por:

  • Reflexão das juntas das placas de concreto originais;
  • Reflexão proveniente do alargamento do pavimento com o pavimento de concreto;
  • Reflexões produzidas pela ruptura das placas de concreto (divididas em placas menores pelo efeito do bombeamento de finos do material do subleito);
  • Fadiga das camadas betuminosas aplicadas nas últimas restaurações.

Observação:

A superfície do pavimento também apresentava grandes deformações nas trilhas de roda (flechas).

Execução de um trecho experimental (trecho piloto)

O escritório técnico da concessionária, com o apoio da consultoria de Inj. Tosticarelli y Associa, determinou e implantou um trecho experimental em dezembro de 1990.

Previamente, foi feito um levantamento visual e cadastral das trincas, além de levantamento deflectômetro, e em seguida se implantaram três subtrechos de 150 metros cada um entre os km 106,600 e 107,050 da Ruta 7:

  • “Trecho testemunha”: sem geotêxtil Bidim, porém com idêntica preparação da superfície e aplicação da capa de rolamento demais subtrechos;
  • Subtrecho como o geotêxtil Bidim RT-10: se procedeu a selagem das trincas e instalação do geotêxtil Bidim RT-10 segundo a metodologia proposta e preconizada pela Rhodia S/A, além das indicações das obras realizadas pelo escritório técnico da Coripa S/A;
  • Subtrecho com geotêxtil Bidim U-14: onde foi adotado os mesmos procedimentos do subtrecho com o geotêxtil Bidim RT-10.

Observação:

Nos três subtrechos foi executada uma capa de rolamento em CBUQ (concreto betuminoso usinado a quente) com espessura compactada de 5 cm.

A diferença de comportamento entre os subtrechos já era visível a 6 meses da implantação do experimento. Apenas no subtrecho sem geotêxtil Bidim “trecho testemunha” haviam aparecido trincas.

Ao final de um ano, os subtrechos com o geotêxtil Bidim não mostravam sequer vestígios de trincas de reflexão da maioria das trincas do pavimento antigo existente, além de que também se mostravam traços evidentes do bombeamento de finos do subleito.

Os resulta obti no trecho experimental, assim como as investigações e estu que continuaram fazendo o Escritório Técnico da Nuevas Rutas S/A, foram decisivos para a incorporação do geotêxtil Bidim na solução final do projeto de restauração pavimentos das Rutas 5 e 7.

Características das obras

A obra principal consistiu na restauração (repavimentação) do pavimento através da aplicação de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) reciclado (com utilização de 25% do material fresado da pista), com espessura média de 5 cm, após prévia fresagem de toda a largura da pista (espessura média de 2,5 cm) para eliminar deformações/flechas nas “trilhas de roda” e corrigir o gabarito, selagem e preparo de superfície, e instalação do geotêxtil Bidim.

Como tarefa preliminar se executou reparos localiza de defeitos estruturais, com mistura (CBUQ) reciclada em 50% em alguns casos também se instalaram peças de geotêxtil Bidim na base reparos localiza.

A sequência das tarefas da obra é descrita a seguir:

  1. Deflectogramas, com o defletógrafo de lacrou;
  • Nivelamento topográfico da pista;
  • Determinação perfis de fresagem;
  • Fresagem inicial para localização e determinação reparos localiza;
  • Execução reparos localiza;
  • Fresagem da superfície para minimizar deformações das trilhas de roda;
  • Selagem das trincas;
  • Aplicação de emulsão asfáltica catiônica de ruptura rápida;
  1. Instalação do geotêxtil Bidim;
  • Compactação com rolo de pneus autopropelido (apenas nos primeiros trechos)
  • Aplicação da capa de rolamento em CBUQ (5 cm);
  • Compactação da camada de rolamento com rolo pneumático e rolo liso vibratório.

Quantidade de geotêxtil utilizado

Na primeira etapa da obra, numa extensão total de 47 km (Ruta 5 e Ruta 7) foram consumir 360.000 m² do geotêxtil Bidim, forneci em bobinas de 3,70 m de largura (que com uma pequena sobreposição central permitiu cobrir com 2 rolos toda a largura da pista) por 300 m de comprimento.

Na segunda etapa, numa extensão total de km (intercala) foram consumir cerca de 88.800 m² do geotêxtil Bidim.

Todo o geotêxtil Bidim foi fornecido pela Coria S/A, distribuidor do produto para todo o território da Argentina, de acordo com um cronograma rigoroso de entregas.

APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM

Para a instalação do geotêxtil Bidim, a Nuevas Ruas S/A contou não só com a metodologia proposta, mas também com o apoio na obra de profissionais envia pela Atividade Bidim (Brasil) e pelo Distribuidor para todo o território da Argentina, a empresa Coria S/A, que o acompanharam os trabalhos iniciais e durante o transcorrer da obra.

Deve-se destacar a adaptação feita na metodologia de instalação do geotêxtil, em função das particularidades desta obra (rampas, tipo de asfalto etc.) que a Nuevas Rutas S/A realizou a partir do trabalho técnico conjunto entre as empresas e também através do trecho experimental e primeiros trechos de obra executa:

  1. A variável mais importante que se verificou “in loco” foi a taxa de asfalto residual necessária para a perfeita ligação e saturação do geotêxtil Bidim. No princípio, com apenas uma só aplicação de asfalto estava resultando em uma taxa residual de 1,00 l/m², observando-se que a mesma era excessiva. Em continuação foi-se reduzindo a taxa de aplicação de asfalto até chegar a 0,80/0,85 l/m² de asfalto residual, resultando ser a ótima para o estado da superfície do pavimento existente e para a espessura do geotêxtil utilizado.
  • A instalação do geotêxtil Bidim foi feita com a utilização de um equipamento sobre pneumáticos fabricado pela Nuevas Rutas (projetado pelo gerente geral do consórcio em 1988, por ocasião da restauração do pavimento com o uso do geotêxtil Bidim no aeroporto de Santa Rosa).

Este equipamento acelera e simplifica a correta instalação do geotêxtil, graças a um sistema de vassouras que faz o geotêxtil Bidim aderir perfeitamente ao asfalto e superfície, sem rugas.

  • Outra importante modificação na metodologia tradicional foi a eliminação do uso do rolo de pneus devido ao uso de um asfalto com fluidez e suscetibilidade térmica adequada (CA 70/100) que permitiu a saturação total do geotêxtil no momento da aplicação da nova capa de rolamento apenas pelo efeito de sua temperatura e compactação.

A extração periódica de corpos de prova permitiu verificar uma boa aderência e impregnação do geotêxtil. Esse tipo de acompanhamento da qualidade da impregnação do geotêxtil pela extração de corpos de prova foi efetuada periodicamente durante todo a obra.

A eliminação na sequência de instalação da passagem do rolo de pneus e da segunda aplicação de asfalto permitiu uma otimização prazos de execução da obra, além de uma redução nas interrupções do trânsito, ao permitir um avanço continuo do comboio de recapeamento. É importante frisar que estas modificações foram possíveis em função das características geométricas da obra e do tipo de asfalto utilizado.

VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM

O geotêxtil Bidim quando aplicado como elemento filtrante, entre o material de aterro e o muro de contenção, substitui as camadas granulométricas de transição, diminuindo o tempo executivo da obra.

Avaliando o comportamento do muro de contenção, observou-se a estabilidade e funcionabilidade da obra, condições necessárias para manter estruturado o aterro mecânico.

AGRADECIMENTOS

Os autores desejam agradecer a colaboração prestada durante o desenvolvimento técnico da obra e a elaboração deste trabalho para:

Eng. Antonio Luiz Martinez; Eng. Gustavo Omar Baixa; Agr. Alejandro Mapelli; Eng. Lucio Dellepiane; Eng.

Atílio Firpo; Eng. Ana Maria L. Leanza; Eng. Ruben Aguiar; Eng. Laerte Guião Maroni; Eng. Flavio Teixeira Montez.

DOCUMENTAÇÕES FOTOGRÁFICAS

Avanço da vibro-acabadora em um trecho da rota nacional Nº 5. À frente do veículo de transporte se aplicou um salgamento com a própria mistura betuminosa (CBUQ) sobre o geotêxtil Bidim para evitar a aderência pneumáticos.
Instalação de uma peça de geotêxtil Bidim na base de um reparo localizado na rua nacional Nº 7.
Detalhe do equipamento de instalação do geotêxtil Bidim o operário na parte traseira corrige os desvios de direção mediante uma terceira roda.
Avanço do comboio de recapeamento em uma curva da rota nacional Nº 7. Observa-se a escassa distância entre a vibro- acabadora e o equipamento instalador de geotêxtil (ausência do rolo de pneus e segunda aplicação de asfalto), propiciada pela rápida ruptura da emulsão asfáltica utilizada. Devido à temperatura ambiente no momento foi possível o trânsito da vibro- acabadora sem a execução prévia do salgamento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.