APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM NO SISTEMA DE DRENAGEM DE EFLUENTES LÍQUIDOS PARA EXTRAÇÃO DE OURO NA SÃO BENTO MINERAÇÃO S/A SANTA BÁRBARA MINAS GERAIS



Autor:
 Departamento Técnico – Atividade Bidim

Revisado JANEIRO 2011- Departamento Técnico Mexichem Bidim Ltda.

RESUMO

A Bento Mineração ocupa uma área de 800 há, possuindo uma mina subterrânea, de onde são extraídas 34.000 ton/mês de minério e uma usina metalúrgica, onde é beneficiado o minério, produzindo 260 kg de ouro por mês.

A lavra subterrânea é realizada em galerias adotando o método “cut and fill” (corte e aterro) aonde o minério vai para a usina metalúrgica de beneficiamento e retorna ao subsolo preenchendo os espaços lavra.

Após o beneficiamento do minério feito pelo processo de oxidação sob pressão, a polpa do minério com efluentes líquido provenientes do processo retorna ao interior da mina subterrânea (“back fill”).

O “back fill” que retorna é utilizado para aterrar as galerias subterrâneas sendo drenado utilizando-se um sistema de tubos drenos revesti com manta geotêxtil Bidim dentro do processo de extração de ouro.

Este trabalho relata a aplicação do geotêxtil Bidim (nãotecido agulhado, 100% poliéster, filamentos contínuos) no sistema de drenagem de efluentes líquido para extração de ouro na Bento Mineração S/A.

O PROBLEMA

Implementar um sistema de drenagem para os efluentes líquidos na extração de ouro na Bento Mineração S/A.

A SOLUÇÃO

Foi utilizado como elemento importante no sistema de drenagem da obra a manta Geotêxtil Bidim.

DADOS DA OBRA

  • DATA DE EXECUÇÃO: Novembro de 1993
  • LOCALIZAÇÃO: Fazenda Bento s/n, no Município de Santa Bárbara em Minas Gerais
  • CLIENTE: A contratante serviços é a Bento Mineração S/A.
  • TIPO DE OBRA: Mineração
  • FUNÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM: Elemento do filtrante no sistema de drenagem
  • QUANTIDADE UTILIZADA: 3.000 m² de geotêxtil Bidim RT-10

Finalidade da Obra

Drenagem efluentes líquido contido na polpa do minério, que retorna para o interior de mina após o beneficiamento (“back fill”), no processo de extração de ouro.

Metodologia de Lavra e Beneficiamento do Minério

Na lavra das galerias subterrâneas foi adotado o método “cut and fill” (corte e aterro), sendo parte do rejeito devolvido ao subsolo na forma de polpa (minério e líquido) chamado de “back fill”.

No beneficiamento do minério foi adotado (no processo de dessulfetação) o método de oxidação sob pressão, lixiviação bacteriana e cianetação.

Sistema de drenagem

O sistema de drenagem é constituído de um conjunto de tubos drenos perfura, instala verticalmente e horizontalmente formando redes principais e secundárias de drenagem.

Este sistema de tubos é revestido com geotêxtil Bidim num processo simples, produtivo e eficaz.

Capacidade de Produção

 extraídas 34.000 ton/mês de minério com uma produção de 260 kg de ouro por mês.

Calcula-se que já foram moí aproximadamente 1,4 milhão de toneladas de minério do subsolo resultando numa produção de 10,4 toneladas.

Contratante A contratante serviços é a Bento Mineração S/A.

Projeto

Os projetos do processo de extração de ouro são de responsabilidade da Bento Mineração com custo global estimado em US$ 85 milhões sendo US$ 17 milhões custos com proteção ambiental.

Consumo de materiais

O sistema de drenagem de efluentes líquido para extração de ouro tem um consumo médio mensal de aproximadamente 3.000 m² de geotêxtil Bidim RT-10 e, aproximadamente, 4.000m de tubos drenos perfura em PVC.

Figura 1 Localização da obra.

METODOLOGIA DE LAVRA E BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO

A lavra das galerias subterrâneas é feita pelo método “cut and fill” (corte e aterro) onde as escavações são realizadas e o minério é enviado a usina metalúrgica para beneficiamento. O progresso de escavação é em sua maioria mecanizado e os cortes são feitos de baixo para cima com uma determinada inclinação de projeto aumentando assim a produção.

Nas galerias abertas as paredes superiores são chamadas de “Hanging wall” e as paredes inferiores de “Foot wall”. À medida que as escavações vão progredindo e a galeria aumenta de tamanho, torna-se necessário a redução das alturas de trabalho aterrando o piso com o “back fill” e permitindo novamente o trabalho das máquinas e equipamentos.

O método de corte e aterro, além de aumentar a garantia de estabilidade da área lavrada, minimiza a quantidade de rejeito a ser depositado a céu aberto, uma vez que grande parte dele retorna ao subsolo para realização aterros.

Após a extração do ouro, a polpa de minério estéril na forma de lama (minério e líquido) retorna ao subsolo (“back fill”) sendo depositada em aterros hidráulicos contido por cercas de madeira revestidas com geotêxtil Bidim. A drenagem do “back fill” é feita por um sistema de tubos drenos perfura, instala verticalmente e horizontalmente e formando redes principais e secundárias de drenagem. Este sistema de tubos é revestido com geotêxtil Bidim num processo simples, produtivo e eficaz.

A mina possui duas entradas principais sendo uma delas um poço vertical com aproximadamente 930 metros de profundidade escavado para facilitar o acesso de pessoal, material e equipamentos aos níveis mais profundos dela.

Todo o processo de extração de ouro é fiscalizado por pessoal especializado obedecendo as normas de segurança e utilizando materiais e equipamentos da melhor qualidade. O transporte de pessoal, material equipamentos é feito através de elevadores e vagonetes (Figura 2).  

Figura 2 Vista geral do sistema de extração de ouro.

CERCAS DE CONTENÇÃO DE ATERROS HIDRÁULICOS

A deposição do “back fill” para execução aterros hidráulicos é feita logo após a execução das cercas de contenção. Estas cercas são construídas em madeira unindo o “Hanging wall” ao “Foot wall” a uma altura de 2,40 metros do piso do minério (Figura 3).

Figura 3 Seção transversal da cerca de contenção do “Back Fill”.

Os caibros ou mourões de candeia são assenta na vertical e espaça de 2 em 2 m. Estruturando os mourões, são pregadas tabuas de 30 x 2,5 cm espaçadas de 5 em 5 cm, e cabo de aço diâmetro de 5/8” espaça de 50 em 50 cm, fixa com cavilha tipo “split set”.

Nos locais acima de 3,5 m, as cercas são reforçadas internamente com dormentes e cabos de aço fixa no

“Hanging wall” e “Foot wall” (Figura 4). A cerca é revestida internamente com geotêxtil Bidim devido às excelentes propriedades físicas, mecânicas e hidráulicas do produto (Figura 5).

Figura 4 Ancoragem das cercas em painéis maiores.

Figura 5 Seção longitudinal da cerca de contenção do “back fill” e do sistema de drenagem.

SISTEMA DE DRENAGEM

O sistema de drenagem é constituído de um conjunto de tubos drenos perfura instala verticalmente e horizontalmente formando redes principais e secundárias de drenagem. Estes tubos são totalmente revesti por manta geotêxtil Bidim, previamente cortado e costurado em forma de camisas que revestem todo o sistema de tubos.

A rede de drenos secundaria é constituída por tubos em PVC perfurado, diâmetro variando de 75 a 100 mm. Estes tubos são instala na horizontal espaça de 3 em 3 m com o comprimento variando de acordo com o tamanho do aterro. Na vertical os tubos são instala espaça de 6 em 6 m e altura de 60 cm acima do nível do enchimento (Figura 5 e 6).

A rede secundária descarrega na rede principal que é constituída por tubos em chapas metálicas denominadas “ore pass” (passagem de minério) que possuem um diâmetro de 100 cm. Estes tubos são instala verticalmente e coletam os líquidos que serão retira da mina (Figura 7).

Figura 7 Vista parcial do sistema de contenção e do sistema de drenagem.

APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM

Devido as suas excelentes propriedades físicas, mecânicas e hidráulicas o geotêxtil Bidim foi escolhido para revestir, internamente as cercas de contenção aterros hidráulicos e externamente os tubos drenantes. No sistema de drenagem o geotêxtil Bidim desempenha funções de SEPARAÇÃO, FILTRAÇÃO e REFORÇO.

O geotêxtil Bidim associado aos tubos drenantes cria uma região mais permeável que o solo adjacente e impede o carreamento das partículas finas do solo através de seus poros por percolação atuando como filtro.

Devido à orientação multidirecional filamentos, apresenta praticamente a mesma resistência segundo quaisquer direções de solicitação, resistindo aos esforços de tração, punção, atrito, rasgo, estouro e deformação, que possam incidir sobre a manta quando do desempenho de suas funções.

Em função de sua matéria prima ser 100% poliéster, o geotêxtil Bidim apresenta características mais favoráveis a durabilidade e resistência aos agentes físico-químicos. Em contato com ácido, bases, oxidantes, redutores, soluções salinas e solventes orgânicos o poliéster resiste perfeitamente não sendo alteradas suas características de resistência.

O geotêxtil Bidim não é atacável por microrganismos sendo, portanto, imputrescível ou não degradável. Por ser flexível se adapta perfeitamente a geometria das cercas e tubos além de ser de fácil manuseio e instalação, não necessitando de mão de obra especializada. O aspecto da segurança também foi atendido já que o geotêxtil Bidim é autoextinguível do Grupo 2, significando que em caso de incêndios a chama não se propaga na manta, ficando restrita ao seu campo de ação.

AGRADECIMENTOS

Os autores deste trabalho agradecem à Bento Mineração S/A, em especial ao Eng. Eduardo Tavares Santos Chefe da Divisão de Apoio, Sr. João Rodrigues Evangelista Chefe de Turno ao Sr. Wilton Machado de Souza Técnico de Controle de Qualidade e Sr.  Araújo de Souza Técnico de Ventilação e Controle de Qualidade, pelas valiosas colaborações sem as quais não teria sido possível a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATIVIDADE BIDIM Catálogos: “Aplicações em Obras de Engenharia” e “Obras de proteção ao Meio Ambiente”.

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Maquete do sistema de extração de ouro.
Entrada principal da mina.
Cerca de contenção do “back fill”.
Tubos drenos revesti com geotêxtil Bidim prontos para instalação.
Instalação tubos drenos verticais e horizontais dentro do sistema de drenagem do “back fill”.
Tubulões de acesso de pessoal (“ore pass”) para fiscalização e acompanhamento   serviços.
Tubulão de drenagem principal e acesso de pessoal (“ore pass”).
Bobina de geotêxtil Bidim utilizada nas cortinas de contenção e sistema de drenagem.

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