UTILIZAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM NA RESTAURAÇÃO DO PAVIMENTO DA AVENIDA PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS BELO HORIZONTE MG



Autor:
 Departamento Técnico – Atividade Bidim

Revisado JANEIRO 2011- Departamento Técnico Mexichem Bidim Ltda.

RESUMO

Localizada em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, a Avenida Antônio Carlos é considerada uma das principais vias arteriais da cidade. Ligando as regiões Norte e Sul da capital Mineira, ela é constituída de duas pistas (cada pista contendo 2 ou 3 faixas de trânsito) separadas por canteiro central, com volume médio diário de veículos (VMD) da ordem de 29.000 veículos, em cada sentido de circulação.

Com tráfego intenso e pesado a via vem apresentando uma série de problemas estruturais, o que tem comprometido a qualidade e segurança do trânsito. Com o objetivo de solucionar tais problemas, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte enquadrou esta obra no “Projeto Nova” que pretende recuperar em 18 meses, 30 quilômetros de ruas e avenidas na capital mineira.

As obras ficaram a cargo da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (SUDECAP), que após vários estu e projetos, decidiu inicialmente pela reconstrução de alguns trechos (agrupamentos) da via. Tal intervenção se mostrou inviável devido ao tráfego intenso da região e transtornos gera por uma obra de grande porte. Partiu-se então para o estudo de soluções alternativas.

A SUDECAP preocupada em encontrar uma solução que pudesse viabilizar a intervenção necessária, dentro de uma análise custo x benefício, e com estimativa da vida útil semelhante ao restante agrupamentos, passou a pesquisar uma alternativa baseada no recapeamento asfáltico com utilização de camada intermediaria de geotêxtil, impregnada com asfalto, atuando como camada visco elástica de descontinuidade, impermeabilizando, absorvendo e dissipando tensões.

O presente trabalho relata a restauração da Avenida Presidente Antônio Carlos com utilização de geotêxtis Bidim (nãotecido agulhado, 100% poliéster, filamentos contínuos).

Contratante

Superintendência de Desenvolvimento da Capital SUDECAP. 

Maranhão, 1045 Funcionários.

CEP: 30150-331 Belo Horizonte/ Minas Gerais.

Execução

Carioca Christiane Nielsen Engenharia. 

Oscar Trompowski, 648 Gutierrez

CEP: 30403-060 Belo Horizonte/ Minas Gerais

Projetista

Copavel Consultoria de Engenharia Ltda. 

Tupis, 1540 2º andar Barro Preto.

CEP: 30190-062 Belo Horizonte/MG.

Data de instalação

Dias 10/10/95 e 29/11/95, no período de 22:00 às 06:00.

Consumo de geotêxtil

A obra consumiu 5.106 m² de manta geotêxtil Bidim RT-10.

CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

O projeto de pavimentação foi elaborado com o objetivo de definir alternativas para a restauração do pavimento existente na Avenida Presidente Antônio Carlos, e detalhar as obras necessárias a recuperação de sua estrutura, de maneira que esta passa a suportar a repetição das cargas do tráfego, em condições de conforto e segurança para os usuários, por um período estipulado entre 5 a 10 anos.

A necessidade de reconstrução do pavimento no trecho da via definido como Agrupamento F, demandou a avaliação das características funcionais e estruturas do pavimento existente, bem como, estudo materiais constituintes do pavimento e subleito, a partir do que, foi possível estabelecer as intervenções restauradoras necessárias.

O Agrupamento F foi definido pelos segmentos 6D, compreendido pela   Operários (estaca 88) e   Tecelões

(estaca 110) no sentido centro/bairro e pelo segmento 5E compreendido pela Avenida Américo Vespúcio (estaca 222) e Aporé (estaca 229) no sentido bairro/centro. A obra recebeu estaqueamento de 20 em 20 metros, tendo o trecho em questão, um comprimento total de 600 m.

Realizadas as sondagens, ensaios (destrutivos e não destrutivos), levantamento visual, deflectômetro dentre outros procedimentos, observou-se que o pavimento apresentava aceleração do processo de degradação estrutural e índice de trincamento elevado, variando de 35% a 90% da área. A análise e intervenção da coleta definiu que o agrupamento F, teria na reconstrução, a medida de maior eficácia.

Programada a intervenção, a SUDECAP e a BHTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo e o trânsito da cidade de Belo Horizonte) deparam-se com o problema de a reconstrução ser inviável devido ao tráfego intenso na região e transtornos gera por uma obra de grande porte.

Uma alternativa no projeto original de intervenção com garantia de uma vida útil maior do que 6 anos seria a de fresar o revestimento asfáltico em 11 cm e em seguida executar um reforço com espessura de 31 cm. Esta alternativa não se mostrou viável, devido aos problemas de nível meios-fios, passeios, soleiras imóveis existentes e com a segurança usuários. As intervenções anteriores neste agrupamento ocorreram em 1982, neste período foi executado um colchão drenante em cima de solo mole com escória de alto forno, sub-base e base com canga de minério.

O estudo de aplicação do geotêxtil Bidim foi solicitado à equipe técnica da Atividade Bidim baseado na mecânica das fraturas e considerando-se que a reflexão de trincas sob efeitos de tráfego e clima ocorre com maior aceleração.

SOLUÇÃO COM GEOTÊXTIL BIDIM

A excelente relação custo/benefício faz com que o revestimento asfáltico seja muito utilizado na construção de pavimentos. Com o tempo, entretanto, há o surgimento de trincas originadas por:

  • Tráfego pesado;
  • Variações de temperaturas;
  • Condições pluviométricas – Etc.

Como medida de restauração, geralmente é feita a aplicação de uma nova capa asfáltica sobre o pavimento trincado. O problema é que a concentração de tensões na extremidade das trincas provoca a rápida reflexão delas na nova capa asfáltica, exigindo um novo recapeamento em espaço de tempo relativamente curto.

O geotêxtil Bidim, interposto entre o pavimento trincado e a nova capa de asfalto, melhora consideravelmente a durabilidade recapeamentos.

O geotêxtil Bidim, em tal aplicação, cumpre duas importantes funções, dissipação das tensões e impermeabilização.

Dissipação das tensões

O geotêxtil Bidim, impregnado com asfalto, atua como uma camada visco elástica de descontinuidade, que absorve e dissipa tensões provocadas pela movimentação das trincas existentes. Com isso retarda o mecanismo de propagação de trincas (Figura 2), aumentando a vida útil da nova capa.

Figura 2 Desenho esquemático do mecanismo de propagação de trincas da capa antiga para a nova.

Impermeabilização

O geotêxtil Bidim impregnado com asfalto funciona como uma membrana impermeável, impedindo a penetração da água na estrutura do pavimento e no subleito. Assim sendo, impede a perda de resistência ao cisalhamento dessas camadas e evita o bombeamento de finos e o surgimento de deformações permanentes na pista (Figura 3).

Figura 3 Desenho esquemático da inclusão do geotêxtil Bidim impregnado com asfalto na restauração de pavimentos.

A utilização de mantas geotêxtis Bidim no recapeamento asfáltico significa:

  • Aumento na vida útil da nova capa asfáltica;
  • Redução significativa nos custos de manutenção;
  • Excelente relação do custo/benefício a médio e longo prazo; – Redução de espessura de recapeamento para a mesma vida útil; – Menos interrupções no tráfego.

O Prof. Regis Martins Rodrigues do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), após análise e estudo do projeto original, apresentou a seguinte solução:

  • Fresagem das camadas de capa, espessura de 6 cm;
  • Limpeza da pista;
  • Selagem das trincas e fissuras com CBUQ faixa D do DNER;
  • Primeira pintura de ligação com RR-1C para promover a sem saturação e aderência do geotêxtil;
  • Instalação geotêxtil Bidim RT-10;
  • Rolagem do geotêxtil com rolo de pneu;
  • Salgamento da pista;
  • Aplicação da nova capa de rolamento com CBUQ faixa B do DNER em duas camadas de 4 cm.

INSTALAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM

Regularização pós fresagem

Após a fresagem, notou-se que o pavimento continuava bastante craqueado e então se procedeu a uma regularização com CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) faixa D do DNER, utilizando-se de motoniveladora, com espessura média de 1,0 cm, objetivando a selagem das trincas e regularização da pista. O projeto original previa dreno longitudinal executado na borda da pista de rolamento, abaixo das sarjetas. O dreno foi executado antes da fresagem, com areia e tubo poroso, lançado nas bocas-de-lobo existentes.

Limpeza

Na execução da fresagem, o carregamento e transporte do material é imediato, sendo necessária a limpeza do restante, composto por fragmentação da mistura betuminosa aderida ao pavimento.

Procedeu-se à varredura manual seguida de jato de ar comprimido para retirada do material pulverulento. Após este processo, efetuou-se a varredura através de equipamento de alta pressão.

Terminada a regularização com faixa D, foi executada a mesma limpeza, anterior garantindo uma superfície apta a receber e aderir à manta geotêxtil Bidim, proporcionando assim, uma interface ativa e eficaz.

Primeira pintura de ligação

O primeiro banho foi realizado com caminhão aspergido, com emulsão asfáltica catiônica tipo RR-1C com 64% de resíduo betuminoso ativo. O primeiro banho foi executado com objetivo de garantir uma película betuminosa necessária para untar a superfície fresada e promover condições de semisaturação e aderência da manta. O controle da taxa de asfalto foi feito através de bandejas, para a obtenção da taxa desejada e melhor homogeneidade da aplicação. A taxa de pintura utilizada foi de 1,0 litro/m².

Instalação do geotêxtil Bidim

A instalação do geotêxtil Bidim foi precedida de um plano de instalação com o estudo criterioso de to os procedimentos a serem adota, estudo das dimensões das bobinas e pistas de rolamento, emendas etc. As mantas foram instaladas, uma ao lado da outra, com emendas longitudinais variando de 0,10 a 0,15 m e com a preocupação de não coincidir a emenda, com os locais de rolagem pneus veículos.

Na longitudinal, foram colocadas duas mantas e onde havia aumento da largura da pista colocaram-se três mantas. Na transversal as emendas foram de topo.

Tomou-se o cuidado de esticar as mantas de modo a evitar as rugas e melhorar o alinhamento.

Rolagem do geotêxtil Bidim

A rolagem foi feita com rolo pneumático de pressão variável (60 a 80 lb/pol2), provocando uma penetração invertida do ligante (resíduo) betuminoso, impregnando os filamentos e dando aderência do geotêxtil Bidim sobre a superfície fresada e regularizada. Sob o aspecto visual, a manta tornou-se manchada, mas não foi detectada a exsudação da emulsão asfáltica.

Segunda pintura de ligação

O segundo banho de emulsão sobre a manta comprimida foi realizado sob os mesmos critérios técnicos já menciona no primeiro banho.

A taxa de pintura de ligação foi de 0,90 l/m². Decorrido o prazo de ruptura e cura da emulsão, a via está pronta para receber as misturas betuminosas sobrejacentes.

Salgamento da superfície

Foi executado o salgamento através de espalhamento manual de massa asfáltica para facilitar a movimentação equipamentos sobre a manta asfáltica e para preservá-la. A taxa de massa asfáltica deve ser de no máximo 2 kg/m².

Aplicação das camadas betuminosas.

Foram aplicadas duas camadas de CBUQ na faixa B do DNER (Tabela 1), com as seguintes características: – Estabilidade de Marshall = 995 kg.

– Abrasão Los Angeles = 25 %

A aplicação foi realizada com vibro acabadora e rolagem com rolo pneumático e rolo liso.

Tabela 1 Dosagem do CBUQ na faixa B do DNER.

Dosagem da Faixa – B 
Brita 1 33,50%
Brita 0 28,60%
Brita 00 9,50%
Areia 14,30%
Sínter 9,50%
Cap 20 4,60%

Descreve-se a seguir a agem da faixa D do DNER (Tabela 2) usada na selagem das trincas após a fresagem.

Tabela 2 Dosagem do CBUQ na faixa D do DNER.

Dosagem da Faixa – D 
Brita 0 9,30%
Areia 46,70%
 37,30%
Cap 20 6,70%

VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM

A obra foi executada com acompanhamento técnico rigoroso e os resulta obi demonstram que foram alcançar os objetivos preconiza nos estu tecnológicos.

A utilização de geotêxtil Bidim provou ser solução econômica, segura, eficaz, reduzindo prazos, economizando materiais e mão-de-obra como camada Anti-Propagação de trincas em pavimentos.

AGRADECIMENTOS

O Autor deste trabalho agradece a todas as equipes técnicas da SUDECAP Superintendência de Desenvolvimento da Capital, COPAVEL Consultoria de Engenharia Ltda e a Carioca Christiane Nielsen Engenharia, que muito colaboram, não medindo esforços para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Fernandes, S.M. Filho & Maroni, L.G. & Rodrigues, P.E. & Peixoto, C.C “Restauração do Pavimento da Pista de Pouso e Decolagem 15/33 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (HIRJ) com utilização de geotêxtil nãotecido” 28ª Reunião Anual de Pavimentação ABPV, Belo Horizonte, 1994.
  • Neves M.A., & Souza, de V.F. Sávio & Vasconcelos, R.M.  “Projeto de Restauração do Pavimento da Av. Presidente Antônio Carlos” SUDECAP Belo Horizonte, outubro 1994.
  • Pires, N.M.X. & Ferreira Belo, M.L.  “Restauração do Pavimento da Av. Presidente Antônio Carlos em Belo Horizonte (MG), com utilização de Geotêxtil nãotecido”, SUDECAP, Belo Horizonte, 1995.
  • Cases de obras, Bidim Informa, Folders e Relatórios internos Atividade Bidim.

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Correção de defeitos com ligante.

Limpeza da pista.

Primeira pintura de ligação.
Segunda pintura de ligação.
Lançamento de camada “Faixa D” para correção de defeitos.
Compactação final da pista.
Detalhe do acabamento de bueiros de drenagem.
Vista da obra concluída

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